Caríssimos irmãos da irmandade do Senhor dos Passos da Graça

 

Saúdo-vos com muita estima e companhia, neste final de Quaresma e olhando já para a Semana Santa que se segue. Este ano não pudestes realizar a vossa procissão, ancestral Via Sacra do coração de Lisboa, em que tanto vos empenhais e muito engrandece a alma da cidade, tornando-a mais próxima da compaixão de Cristo e da soledade de sua Mãe.

A tal vos obrigou a pandemia e, ainda mais, o cuidado que quereis ter pela saúde de todos, inestimável dom de Deus, a garantir sempre.

Creio, ainda assim, que esta circunstância vos ocasionou dois sentimentos positivos: O primeiro foi dar-vos ainda mais consciência do que a procissão significa e do que a Irmandade ganha em realizá-la, como voltará a acontecer. Ganho espiritual, na identificação com os passos do Senhor, que tanta esperança dão a quem sofre e caminha sofrendo. Ganho conseguido por quem se aplica a boas causas, pois o Senhor recompensa a cem por um.

O segundo sentimento que a circunstância ocasionou foi a interiorização de tudo o que não se pôde realizar exteriormente, como se a procissão percorresse na memória de cada um o que não fez nas ruas da cidade de todos. É por isso que vivereis com um coração enriquecido os próximos dias da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. É assim que tudo vos ficará ainda mais vincado na alma, para depois se manifestar na vida, também em compaixão e solidariedade com todas as vítimas da pandemia e com todos quantos trabalham nas várias frentes para a debelar de vez.

É com esta convicção profunda que vos saúdo e a todos e desejo Santa Páscoa!

 

+ Manuel Clemente